Em carta a agressor sexual, Epstein disse que Trump 'compartilha nosso amor por garotas jovens e núbias', diz jornal
23/12/2025
(Foto: Reprodução) Arquivos de Epstein têm quadro de Clinton e fotos de celebridades
Em uma carta escrita na prisão, o bilionário Jeffrey Epstein escreveu a um outro agressor sexual preso que o presidente dos EUA, Donald Trump, "também compartilha nosso amor por garotas jovens e núbias".
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As informações são do jornal "The Wall Street Journal", publicadas nesta terça-feira (23). Segundo o veículo, uma cópia da carta escrita a mão e destinada a Larry Nassar estava em um lote de documentos relacionados a Epstein divulgado na segunda (22). O documento, porém, foi retirado poucas horas depois de ir ao ar.
O termo "núbia" costuma se referir a adolescentes cuja lei de uma sociedade considera estarem aptas a se casar. Ele pode também ser usado, de forma menos usual, como sinônimo de "atraente".
O Departamento de Justiça dos EUA afirmou nesta terça-feira (23) que há "acusações falsas e sensacionalistas" contra o presidente Donald Trump na nova remessa de documentos de arquivos do caso Epstein divulgada no início do dia.
Imagem do site do 'Wall Street Journal' mostra carta de Epstein a outro agressor sexual que cita Trump
Reprodução/WSJ
O órgão do governo Trump, no entanto, não especificou quais acusações falsas seriam essas e quais menções ao presidente dos EUA nos documentos seriam verdadeiras.
Segundo o Departamento de Justiça, alguns dos documentos foram retirados para que trechos identificando vítimas sejam censurados para evitar a exposição delas.
"Alguns desses documentos contêm afirmações falsas e sensacionalistas feitas contra o presidente Trump que foram enviadas ao FBI pouco antes das eleições de 2020. Para deixar claro: essas alegações são infundadas e falsas e, se tivessem qualquer credibilidade, certamente já teriam sido usadas contra o presidente Trump", afirmou o Departamento de Justiça em comunicado.
A carta divulgada pelo "WSJ" teria sido escrita em 2019, no mesmo ano em que Epstein foi encontrado morto dentro da cela em que estava em uma prisão de Nova York. O caso foi considerado suicídio.
Bilionário condenado
O bilionário Jeffrey Epstein, que mantinha proximidade com políticos e famosos, foi condenado por abusar de menores e operar uma rede de exploração sexual. Segundo o Departamento de Justiça americano, que responde à Casa Branca, mais de 30 mil novos documentos sobre as investigações contra o Epstein foram divulgadas nesta terça.
Os novos arquivos contêm mais fotos, áudios, registros judiciais, documentos do FBI e centenas de vídeos, incluindo imagens de vigilância de agosto de 2019, quando o criminoso sexual Jeffrey Epstein foi encontrado morto em sua cela.
Os documentos desta terça foram divulgados dias após a primeira remessa, na sexta-feira (19), ter mostrado fotos de celebridades, menções ao Brasil e muitas páginas censuradas. (Veja mais abaixo)
O prazo para a publicação de todos os documentos relativos ao caso Epstein expirou na última sexta-feira. Nos últimos dias, o Departamento de Justiça americano foi acusado de reter informações e criticado pela oposição democrata pela lentidão na divulgação, além da censura de documentos.
'Grande grupo brasileiro': o elo do caso Jeffrey Epstein com o Brasil revelado em novos documentos
Ricos e famosos, Bill Clinton exposto: o que há nos arquivos de Epstein
Arquivos do caso Epstein
Fotos mostram Epstein ao lado de Michael Jackson e jantar com Bill Clinton e Mick Jagger
Departamento de Justiça dos EUA
Novos arquivos da investigação sobre o caso Jeffrey Epstein, divulgados pelo governo dos Estados Unidos na última sexta-feira, trazem fotos de várias celebridades, além de menções ao Brasil e centenas de páginas censuradas. O bilionário, que mantinha proximidade com políticos e famosos, foi condenado por abusar de menores e operar uma rede de exploração sexual.
Em novembro, o Congresso dos Estados Unidos aprovou um projeto de lei que determina que o governo libere as informações sobre a investigação. O texto foi sancionado pelo presidente Donald Trump. Agora, mais de 300 mil páginas foram divulgadas.
Os documentos publicados nesta sexta-feira mostram várias fotos de Epstein ao lado de celebridades, como Michael Jackson, Mick Jagger e o ex-presidente Bill Clinton. Não está claro o contexto em que as imagens foram feitas.
O g1 também encontrou duas menções ao Brasil. Em uma delas, Epstein recebeu um recado em janeiro de 2005 pedindo que ligasse para o novo telefone de uma mulher, com o assunto “Brasil”. O campo que identifica quem fez o pedido está censurado.
Em outro arquivo da investigação, há uma anotação manuscrita indicando que uma mulher teria sido fotografada sem saber da existência da imagem. A pessoa, cujo nome foi censurado, teria ido ao Brasil aos 18 anos e retornado aos Estados Unidos dois anos depois.
Arquivos de Epstein tem menções ao Brasil
Departamento de Justiça dos EUA
Mais cedo, o vice-procurador-geral Todd Blanche disse à Fox News que o governo divulgará centenas de milhares de documentos, mas não todo o conjunto de arquivos relacionados a Epstein .
"Prevejo que divulgaremos mais documentos nas próximas semanas, então hoje algumas centenas de milhares e, nas próximas semanas, espero que mais algumas centenas de milhares", disse Blanche.
O Departamento de Justiça já havia informado que não divulgaria todos os arquivos na íntegra, já que parte do material pode conter investigações ordenadas por Trump sobre figuras democratas associadas a Epstein.
A identidade de todas as vítimas de tráfico sexual cujos nomes constem nos documentos também será protegida.
A lei permite que o Departamento de Justiça oculte informações pessoais das vítimas ou dados de investigações ainda em curso. Por outro lado, proíbe censuras com base em “constrangimento, dano à reputação ou sensibilidade política”.
Epstein foi acusado de abusar de mais de 250 meninas menores de idade. O caso voltou a ganhar destaque neste ano com o vai e vem do presidente Donald Trump sobre a liberação dos arquivos.
Ainda em novembro, o Congresso dos EUA publicou mensagens que sugerem que Trump tinha conhecimento da conduta de Epstein.
Em um e-mail de 2018, o bilionário escreveu que o atual presidente “passou horas” em sua casa com uma das vítimas.
Epstein e Trump foram amigos entre a década de 1990 e o início dos anos 2000.
O bilionário foi preso em julho de 2019 e, segundo as autoridades, tirou a própria vida um mês depois, dentro da cela.
Pressão política
O presidente dos EUA, Donald Trump, durante evento na Casa Branca em 6 de novembro de 2025
REUTERS/Jonathan Ernst
Durante a campanha de 2024, Trump prometeu várias vezes que, se voltasse à Casa Branca, tornaria públicos arquivos secretos sobre o caso. Em uma entrevista, ele chegou a dizer ser “muito estranho” que a lista de clientes de Epstein nunca tivesse sido divulgada.
Em fevereiro deste ano, o governo liberou uma série de arquivos sobre o caso. A procuradora-geral de Trump, Pam Bondi, chegou a afirmar que uma lista de clientes estava "em sua mesa para ser revisada".
Depois, no entanto, o Departamento de Justiça disse não ter encontrado provas da existência dessa relação.
A declaração frustrou apoiadores de Trump, muitos dos quais espalham teorias da conspiração sobre o caso — algumas impulsionadas pelo próprio presidente.
Desde então, ele passou a minimizar o tema e chegou a chamar de “idiota” quem ainda se importava com o assunto.
A postura de Trump aumentou a pressão política da oposição e até de membros do próprio partido do presidente para que todos os documentos fossem divulgados.
Nos últimos meses, Trump passou a chamar o movimento de “farsa” criada pela oposição para desviar a atenção de temas como o orçamento federal.
A Casa Branca e lideranças republicanas tentaram evitar que o projeto atingisse o número mínimo de assinaturas necessário para ser pautado na Câmara, mas não conseguiram.
O texto alcançou o mínimo exigido em 12 de novembro, com apoio inclusive de deputados republicanos.
Três dias depois, Trump mudou de posição e passou a defender a aprovação da proposta, dizendo que os republicanos “não tinham nada a esconder”.
Presidente citado em e-mails
Jeffrey Epstein, preso por crimes sexuais, em fotografia tirada pela Divisão criminal de justiça de Nova York
New York State Division of Criminal Justice Services/Handout/File Photo via REUTERS
No dia 12 de novembro, o Congresso dos EUA divulgou mais de 20 mil páginas de arquivos sobre a investigação de Jeffrey Epstein. Boa parte dos documentos contém e-mails que o bilionário trocou com parentes e amigos.
Em uma das mensagens, de janeiro de 2019, Epstein escreveu que Trump “sabia sobre as garotas”. No mesmo texto, aparecem o nome de uma vítima — que foi censurado — e uma menção a Mar-a-Lago, o resort do presidente na Flórida.
Em outro e-mail, de 2011, Epstein escreveu a Ghislaine Maxwell, sua parceira e confidente, sobre Trump.
“Quero que você perceba que o cachorro que não latiu é Trump”, afirmou. Em seguida, acrescentou que uma das vítimas “passou horas na minha casa com ele… e ele nunca foi mencionado uma única vez”.
Outro arquivo mostra Epstein refletindo sobre como deveria responder a perguntas da imprensa sobre sua relação com Trump, que à época começava a ganhar destaque como figura política nacional.
Para deputados democratas, as mensagens levantaram novas dúvidas sobre a relação entre o presidente e o bilionário. Já o jornal The New York Times afirmou que Trump pode ter mais conhecimento da conduta de Epstein do que admitiu publicamente.
Trump, por sua vez, disse que a polêmica envolvendo os e-mails é uma “armadilha” criada pela oposição. A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que os arquivos mostram que o presidente “não fez nada de errado”.
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