Brasil nunca teve tanta gente trabalhando como entregador ou motorista por aplicativo, diz IBGE
28/08/2025
(Foto: Reprodução) Brasil nunca teve tanta gente trabalhando como entregador ou motorista por aplicativo, diz IBGE
Reprodução/TV Globo
O Brasil nunca teve tanta gente trabalhando como entregador ou motorista de aplicativo.
É um expediente que vai do primeiro ao último pacote.
Repórter: Em média, quantos desses você entrega por dia?
Givan Henrique da Silva, motorista entregador: em média 100, 105.
A rua é o escritório, onde Diego chegou há dois meses.
"Sensação de liberdade, né? Não fica muito preso, você não bate ponto. Você é o seu patrão. Se você trabalha, você tem dinheiro", comenta Diego Pereira de Souza, entregador.
Milhares de brasileiros passaram a viver assim nos últimos dez anos. Sem algumas das garantias da carteira assinada.
"Se fica doente, você tem que rezar pros amigos ajudar, para família, porque não tem salário nenhum, né? Sem entrega sem salário".
Mas podem ater ganhar mais.
"Eu trabalhava na área financeira, ganhava por um mês um terço do que eu ganho hoje. É mais arriscado? É. Eu tinha que estar pagando MEI? Teria. Mas melhor para minha família hoje, que tem uma vida melhor para eles, né?", diz Givan Henrique da Silva, motorista entregador.
Na conta do IBGE, o Brasil tem 475 mil profissionais que têm as entregas como atividade principal. 350 mil sem CNPJ, informais. E quase 1,4 milhões são motoristas de aplicativo, o maior contingente da história. São os atores principais da chamada "gig economy", a economia de bicos, em português. A economia em que o trabalhador recebe por cada serviço prestado.
Tarefas pontuais, temporárias ou independentes, mediadas quase sempre por aplicativos. Uma solução rápida diz o economista Bruno Imaizumi.
"Antes da gig economy, se ela tivesse desocupada, ela não conseguiria se ocupar tão facilmente, né? Então, você com algumas habilidades hoje consegue se cadastrar em aplicativos de empresas e já estar realizando serviços e conseguindo uma renda ali de curto, médio prazo".
É um fenômeno no Brasil que ajuda a explicar o nível baixo de desemprego e o ritmo acelerado da atividade econômica. Porque representa trabalho para um grupo de profissionais que poderia ter dificuldade de se manter no mercado formal, segundo economistas. É o que explica a professora de economia do Insper, Juliana Inhasz Kessler.
"A gente vê um grande aumento de pessoas que antes estavam fora do mercado porque, em crises econômicas, perderam o emprego, perderam alocações no mercado tanto formal, quanto informal, ou que precisaram ir trabalhar tinham qualificação um pouco mais baixa. E a gente viu essas pessoas voltando ao mercado de trabalho em locações que são mais flexíveis que permitem inclusive que você meio que customize personalize o seu modo de trabalho".
Diego Pereira, de 23 anos, até estava empregado, mas trocou o supermercado pela moto.
Diego: A hora que você quiser vir trabalhar, você trabalha. A hora que você quiser ir embora, você vai.
Repórter: Mas trabalha bastante?
Diego: Trabalha bastante.